A ferramenta não te torna criativo.

  • 5 de fevereiro de 2025

Todos nós em algum momento já precisamos ser criativos: Criar um cartaz, um artigo, um desenho, um projeto, quem sabe organizar um espaço ou até mesmo descobrir uma nova maneira de contar uma história.

São justamente momentos assim que nos fazem dispersar todo tipo de material pela mesa, instalar e abrir diversos programas no computador, tirar da caixa as mais variadas ferramentas.

Infelizmente é muito comum que tudo isso seja em vão: Perdemos nosso tempo com tarefas por vezes complexas, que não trarão resultado algum: Movemos coisas de um lado para o outro, excluímos, rabiscamos, damos voltas e mais voltas sem sair do lugar. Esse pode ser um processo interessante para explorar as possibilidades enquanto estamos aprendendo a utilizar as ferramentas, mas uma vez que já estamos trabalhando em um projeto, é sinal de que algo não vai bem.

Não me entenda mal: Claro que ferramentas são importantes: Bons softwares, pincéis, máquinas, instrumentos. Contudo o propósito delas não é te tornar criativo, isto é: Embora sejam ótimas para executar suas ideias, as ferramentas não podem pensar por você.

Logo, o que precisamos desenvolver é a capacidade de imaginar o resultado final, antes mesmo de perdermos tempo e energia nos preparando para executar um plano que sequer existe.

Nesse quesito, uma boa prática é lembrar que somos aquilo que consumimos, portanto, buscar referências e inspirações é um começo promissor. Não espere ser capaz de imaginar perfeitamente um prelo sem nunca ter visto um. Da mesma maneira, não espere ser capaz de criar um roteiro de filme sem nunca ter tido contato com o formato, escrever um livro sem ser um ávido leitor ou até mesmo compor uma fuga sem jamais ter apreciado as obras de Bach ou Mozart.

Mas e quanto as inteligências artificiais? Elas precisaram passar pelo mesmo processo de aprendizado, chamado de treinamento, onde foram alimentadas com amostras de todo tipo de material vindos das mais diversas fontes (algumas sendo até mesmo controversas). Ainda assim, possuindo uma memória praticamente infalível, não são capazes de criar nada por contra própria, pois precisam que humanos insiram comandos com as instruções do que ela deve executar.

Da mesma maneira, precisamos observar as referências com um objetivo em mente, atentando ao que desejamos inovar, e ao que desejamos fazer uso de uma base sólida. Os diferentes estilos, os diferentes métodos e suas vantagens e desvantagens.

Consequentemente ideias irão surgir, e o próximo passo eu diria, é anotá-las. Não há nada mais frustrante do que finalmente ter um momento de clareza, contudo não poder executar no mesmo instante, e na hora propícia, perceber que já não lembra dos detalhes. Isso é especialmente verdade para os projetos mais longos, aqueles que se estendem por vários dias ou até mesmo meses. 

Não importa o meio: Sejam esboços em papel e caneta, documentos, anotações, gravações de voz… O importante é documentar suas intenções para consultas posteriores.

Com as ideias devidamente anotadas, podemos traçar um plano de ação, o que permite agirmos com eficiência, providenciando apenas as ferramentas e materiais necessários para cada etapa do projeto, e principalmente: Ter clareza do nosso objetivo final.

Por isso sugiro que pare de ficar horas olhando para uma tela em branco no computador, revirando seu arsenal, passando as horas sem criar nada de fato. Se está com problemas para prosseguir com o projeto, pare, volte, pesquise… Pois não há nada para ser executado ainda.